
SALVADOR (BA), BRASIL — Armazenada em precários contêineres, carga de 175 toneladas de concentrado de urânio tem como destino o Canadá, onde será enriquecido.
Uma carga de 175 toneladas de urânio proveniente de Caetité, no interior da Bahia, foi barrada esta semana no porto de Salvador até que o navio de bandeira canadense Kent Trader, responsável pelo seu transporte para o Canadá, onde será enriquecido para uso nas usinas nucleares brasileiras, seja autorizado a entrar no porto.
O material está armazenado em contêineres precários fora da área portuária, aguardando autorização para ser embarcado.
Segundo a imprensa da capital baiana, o navio só deverá aportar na cidade neste sábado, mas a data não foi ainda confirmada. O diretor de Operações da Companhia de Docas da Bahia, citado pelo jornal A Tarde, afirmou que só autoriza a entrada da carga no porto se for para embarcar direto. "A carga só será liberada quando o navio receber autorização para atracar", afirmou o diretor.
ATUALIZAÇÃO (19/05): A carga de urânio foi embarcada na noite de domingo, mas o navio Kent Trader ainda não deixou o porto de Salvador.
A notícia fez com que o Greenpeace enviasse uma carta para os presidentes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com cópia para diversos ministérios e secretarias de Meio Ambiente de Salvador e Estado da Bahia, exigindo transparência nas atividades nucleares bem como o cumprimento das normas de segurança vigentes.
A carta foi assinada também pelas entidades Articulação Popular São Francisco Vivo, Associação Movimento Paulo Jackson - Ética, Justiça, Cidadania, Comissão Pastoral da Terra (CPT-BA), Grupo Ambientalista da Bahia (Gamba) e Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários do Estado da Bahia.
"Situações como a desse transporte de material nuclear na Bahia geram insegurança na população, que não tem conhecimento de como se comportar no caso de um acidente", disse Rebeca Lerer, da campanha anti-nuclear do Greenpeace.
O urânio é produzido na Unidade de Concentrado de Urânio (URA) pertencente à unidade da INB em Caetité - única unidade de extração e beneficiamento de urânio em operação no país.
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